O que sabemos sobre doenças cardíacas congênitas e coronavírus?
Alex Cohen, 20 anos, nasceu com um problema no coração e está praticando o distanciamento social durante a pandemia.
Quando a notícia do coronavírus chegou, significou algo diferente para Alex Cohen. Ele nasceu com uma doença cardíaca congênita e, como muitos nessa condição, vive com medo de como o vírus pode afetá-lo. "É uma coisa assustadora. As pessoas me veem como uma pessoa jovem, mas eu posso estar em risco - mesmo que eu não saiba 100% como", disse Cohen. "Por ser algo desconhecido, eu preciso me tratar como se estivesse em perigo." Cohen nasceu com atresia pulmonar, uma condição na qual faz parte de uma síndrome chamada tetralogia de Fallot em que a válvula responsável por liberar o sangue do coração para os pulmões não é formada adequadamente.
O COVID-19 pode causar febre, tosse e problemas respiratórios. Cohen disse que, como sua condição pode afetar sua ingestão de oxigênio, ele teme que isso o torne mais vulnerável.
O desafio agora é que não há evidências de como orientar as pessoas que vivem com cardiopatia congênita em relação aos riscos. "A maioria das informações disponíveis sobre o coronavírus não inclui informações sobre pacientes com cardiopatia congênita”, disse a Dra. Anne Marie Valente, diretora do Boston Adult Congenital Heart and Pulmonary Hypertension Program. "Quando você vive com doença cardíaca congênita, o risco desconhecido é uma ameaça real", afirmou a Dra. Anne. "Os profissionais de saúde estão trabalhando juntos para entender melhor os riscos individualmente e estão aconselhando os pacientes a estarem o mais preparados possível e seguir as orientações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças".
Atualmente, não há dados sobre doenças cardíacas congênitas e coronavírus, mas os médicos na China observaram que muitos dos pacientes com COVID-19 apresentavam doenças cardíacas e insuficiência cardíaca. Mas essas condições são diferentes das doenças cardíacas congênitas, disse o Dr. Jamil Aboulhosn, diretor do Centro de Doenças Cardíacas Congênitas de Adultos de Ahmanson /UCLA, em Los Angeles. No entanto, ele disse que muitos pacientes tinham arritmias, ou ritmos cardíacos irregulares, o que é comum em pessoas com problemas cardíacos. "Estamos acompanhando esses pacientes e construindo um banco de dados muito necessário", disse Aboulhosn durante um webinar organizado pela Associação Americana de Cardiologia Congênita. "Até o momento, não temos muitas informações para esses pacientes com doenças cardíacas congênitas’’.
Os pesquisadores estão investigando se os inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), que ampliam os vasos sanguíneos e são frequentemente prescritos para problemas cardíacos, têm um efeito negativo nos pacientes com COVID-19. Em 17 de março, a Associação Americana do Coração, a Sociedade de Insuficiência Cardíaca da América e o Colégio Americano de Cardiologia publicaram uma declaração recomendando que os pacientes continuem os medicamentos já prescritos para condições como insuficiência cardíaca, pressão alta e doenças isquêmicas do coração. "Pacientes com doenças cardiovasculares diagnosticadas com COVID-19 devem ser totalmente avaliados antes de adicionar ou remover qualquer tratamento, e quaisquer alterações em seu tratamento devem se basear nas mais recentes evidências científicas e na tomada de decisões compartilhadas com seu médico e equipe de saúde". dizia o comunicado.
Dra. Anne ressalta que as recomendações gerais para pessoas que vivem com cardiopatia congênita não parecem diferentes das recomendações para a população em geral: lave as mãos por 20 segundos regularmente; pratique distanciamento social; quando tossir e espirrar, use um lenço de papel e o jogue fora; e evite tocar seu rosto.
Apesar da falta de dados sobre doenças cardíacas congênitas e coronavírus, existem algumas informações para os pacientes. O Michigan Heart Congenital Heart Center identificou condições que, segundo ele, podem colocar as pessoas em maior risco de complicações com COVID-19. Elas incluem hipertensão pulmonar, transplante de coração, doença cardíaca congênita complexa não reparada e um único ventrículo cardíaco, o que significa que uma das câmaras inferiores do coração não se desenvolveu, reduzindo a quantidade de sangue oxigenado para o corpo.
Dra. Anne disse que é importante que as pessoas com doença cardíaca congênita se lembrem de que esse período de inquietação e incerteza não é permanente. "Todos nós precisamos ajustar nossas atividades nesse período de tempo, para permanecermos fortes com uma ótima saúde geral", afirmou Dra. Anne.
Para Cohen, ele está caminhando na corda bamba emocional - tentando encontrar o meio termo entre cautela e pânico.
"Por enquanto, estou planejando ficar isolado e estou sendo cuidadoso", disse ele. "Se eu ficar doente, isso realmente pode me machucar ou não acontecer nada. Estou tentando não ficar muito assustado."
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