CTSEM
14 Mai 2021

AHA alerta sobre risco cardiovascular em terapias hormonais para o câncer

Segundo dados apresentados em uma pesquisa científica desenvolvida pela American Heart Association (AHA), as terapias hormonais para o tratamento de câncer de mama e de próstata podem aumentar o risco de infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC). Devido a isso, a associação afirma ser necessário um monitoramento de perto para permitir a detecção precoce e o tratamento de doenças cardiovasculares.

 

Em comunicado à imprensa, a Dra. Tochi Okwuosa, presidente do grupo de redação da AHA afirmou que essa publicação fornece dados sobre os riscos de cada tipo de terapia hormonal e que os médicos podem usá-la como um guia para ajudar a controlar os riscos cardiovasculares durante o tratamento do câncer. Confira a publicação on-line publicada no dia 26 de abril no periódico Circulation: Genomic and Precision Medicine.

 

Os tumores causados por hormônios de câncer de mama e próstata, são as neoplasias não cutâneas mais comuns no mundo. As terapias hormonais são fundamentais para se obter uma melhora significativa do paciente e garantir sua sobrevida, apesar disso, as doenças cardiovasculares surgem como uma ameaça sobre estes pacientes, pois emergiram como uma das principais causas de doença e morte.

 

O aumento do impacto da doença cardiovascular perante a esse tratamento pode ser explicado pelo aumento da média de idade dos sobreviventes do câncer, nisso eleva-se as taxas altas de fatores de risco cardiovascular relacionados a idade e doença coronariana.

 

O grupo redator da AHA revisou as evidências dos estudos observacionais e ensaios clínicos randomizados sobre este impacto cardiovascular causados pelas terapias hormonais anticâncer. Entre as principais questões estão:

 

- A terapia de privação de andrógenos para câncer de próstata parece aumentar o risco de casos cardiovasculares. Além disso, os antiandrogênios orais também parecem estar associados ao aumento da doença, particularmente quando são usados para bloquear androgênico completo como terapia combinada de GnRH+ antiandrogênio;

- Em pacientes com câncer de mama, o tamoxifeno apresentou aumentar o risco de eventos tromboembólicos venosos, porém com efeitos de alguma forma protetores e neutros sobre o impacto do risco de eventos cardiovasculares. Em outro ponto, os inibidores da aromatase mostraram aumentar os riscos sobre a doença cardiovascular, incluindo infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral;

- A duração das terapias hormonais tem um impacto significativo no risco de doença cardiovascular; quanto mais tempo os pacientes recebem terapia hormonal, maior o risco. Outras pesquisas são necessárias para definir os riscos associados à duração do tratamento;

-  Estudos sugerem que pacientes com câncer de próstata e doença cardiovascular de base ou fatores de risco cardiovascular aumentem as taxas de episódios cardiovasculares ao serem tratados com terapia de privação de androgênio;

- Apesar de o uso prolongado de algumas terapias hormonais piorar os fatores de risco cardiovascular e a síndrome metabólica, os efeitos da duração da terapia nos eventos cardiovasculares são menos conhecidos.

 

O grupo de pesquisadores da AHA afirma que atualmente não há diretrizes definitivas para o monitoramento e tratamento de doenças cardiovascular relacionadas à terapia hormonal. Nisso, os especialistas incentivam os médicos a ficarem atentos sobre o agravamento do problema em pessoas com cardiopatias ou outros fatores de risco pré-existentes. Além disso, eles indagam que os profissionais devem reconhecer que os pacientes sem problemas cardiovasculares também correm risco, devido a sua exposição durante o tratamento mediante as terapias hormonais.